Análise Política. Foto: Divulgação/AON
O MDB de Navegantes decidiu, nesta quarta-feira (21), trocar a calmaria pela confusão. O que era para ser uma simples eleição para renovar a executiva municipal do partido virou um verdadeiro ringue político. O clima azedou, teve acusação de golpe, gente abandonando a sala e, claro, muito disse-me-disse nos bastidores.
No centro da tempestade está Fredolino Alfredo Bento, o Lino, presidente do diretório há anos e velho conhecido das articulações internas. Desta vez, ele tentou ar o bastão para o ex-vereador Samuel Paganelli. Mas nem todo mundo gostou da jogada. Um grupo de filiados, já cansado da “velha guarda”, apostou no nome do empresário Joãozinho Matos, da Faculdade Sinergia, para renovar o comando.
Votou uma vez? Votou duas? Quem sabe até três…
A treta ganhou força com a denúncia de uma suposta manobra no colégio eleitoral. A eleição previa 21 votantes, mas, segundo os opositores, Lino teria puxado três delegados “do bolso do paletó”, incluindo ele mesmo, e colocado todo mundo pra votar duas vezes: como membros do diretório e como delegados.
Essa dobradinha levantou suspeitas de jogo de cartas marcadas e revoltou os antigos caciques do MDB local. E como toda boa novela política precisa de um momento dramático, ele veio: a fuga.

Saiu todo mundo batendo porta
Quatro ex-presidentes do partido — incluindo o ex-prefeito Deba Cabral e o ex-deputado João Matos — levantaram e foram embora no meio da eleição. O protesto foi reforçado por dois vereadores, sete membros do diretório e até suplentes da eleição de 2020. Nem os pré-candidatos a vereador quiseram participar da votação, sinal claro de que o MDB navegantino está, no mínimo, rachado ao meio.
Intervenção à vista?
Com o caldo entornado e a a de pressão prestes a explodir, cresce a expectativa por uma possível intervenção do Diretório Estadual do MDB. A turma do “deixa disso” já pede que os figurões de Florianópolis desçam a serra e botem ordem na casa — ou ao menos, tentem.
A reportagem do Portal Abre Olho entrou em contato com Fredolino Alfredo Bento, o Lino, que comentou a confusão nos bastidores do partido. Segundo ele:
“O que ocorreu foi o abandono de um grupo da reunião que iríamos escolher o novo presidente por não aceitar votos cumulativos dos delegados previstos no estatuto…”
Ainda de acordo com Lino:
“Esse grupo, capitaneado pelo Joãozinho, não queria aceitar o que preconiza o estatuto, que prevê o voto cumulativo, e desistiu de concorrer.”
Ou seja: para uns, foi golpe. Para outros, foi regra. No fim das contas, o MDB de Navegantes segue dividido, e a eleição que deveria unir acabou virando palco de mais um episódio da novela política local. E pelo visto, vem mais capítulos por aí.